Você Pode Mudar o Futuro



Se existe, hoje, uma certeza largamente majoritária no espírito dos brasileiros, ela é, sem qualquer dúvida, a de que o Brasil precisa mudar. E mudar rápido. Gerações antes de nós – e mesmo a nossa própria – cresceram iludidas com a ideia de que o Brasil seria o país do futuro, ainda que, no presente de cada época, as coisas não corressem tão bem quanto todos gostariam. Esse exercício de ilusão e a fé largamente professada de que esse futuro promissor de fato ocorreria, se não para nós, pelo menos para os nossos filhos e netos, certamente contribuíram para a cristalização de um sentimento geral de apatia e conformismo que acabou sendo desastroso para o país e para os brasileiros. Passamos a acreditar – e antes de nós, muitas gerações que nos antecederam – que esse futuro glorioso aconteceria naturalmente, independentemente do nosso esforço e da nossa vontade, simplesmente porque isso já estava escrito nas estrelas. Afinal, éramos um povo honesto e trabalhador, cheio de qualidades, e o nosso vasto território abrigava riquezas incomensuráveis. Era só deixarmos que as coisas se desdobrassem naturalmente e o tempo se encarregaria de presentear-nos com o futuro glorioso de que éramos merecedores. Passamos a ser excessivamente dependentes do Estado, esperando de forma cada vez mais exagerada que essa entidade abstrata cumprisse a sua obrigação de provedor das nossas necessidades, mesmo quando isso superava os limites concretos de viabilidade material. Essa atitude, por sua vez, representou o solo fértil para que surgissem entre nós lideranças políticas e executivas de caráter cada vez mais populista, que materializavam a ilusão básica na forma de promessas impossíveis e absurdas, muitas vezes apresentadas como mentiras conscientemente enganosas, mescladas com outras costuradas na ingenuidade dos incompetentes ou dos representantes desprovidos de preparo e capacidade para gerenciar eficazmente a máquina caríssima e perdulária do Estado que todos sustentamos. Inevitavelmente, um ambiente dessa natureza favoreceria, como de fato favoreceu, a quebra geral da ética e o surgimento de uma corrupção de grande porte gestada no conluio de empresários inescrupulosos com a classe política e agentes públicos. E o futuro promissor que todos esperavam continuou a ser indefinidamente postergado.

Aí aparece a questão que sempre me instigou: se esse cenário passou a ser abertamente criticado pela grande maioria dos brasileiros, já conscientes de que ele precisa ser modificado com urgência, por que não conseguimos mudar o Brasil? Ou mais importante ainda: por que deixamos que esse sentimento geral de desânimo, apatia e frustração desaguasse na profunda divisão e desunião dos brasileiros no que tange à identificação das origens do processo de degradação e à responsabilização dos reais culpados por tudo isso, sejam eles pessoas (geralmente políticos e líderes) ou modelos de organização da sociedade (normalmente ideologias e preferências partidárias).

Essas dúvidas exigem a consideração de outros fatores e, entre estes, eu destacaria a ausência do ingrediente principal, aquele capaz de motivar toda a sociedade: “o propósito nacional”. Com essa expressão, eu quis designar a identificação precisa de um caminho e a consequente determinação – individual e coletiva – para seguir por ele com a confiança de que essa via garantirá o êxito final na batalha. A consolidação de um sentimento dessa natureza exige e inclui o reconhecimento por todos e por cada um da necessidade de união e de uma ação cooperativa para rompermos com a absurda polarização ideológica e com a discórdia que se vêm consolidando entre nós. Visto por esse prisma, o “propósito nacional” corresponderia à própria alma da nação e ao elemento capaz de mobilizá-la para a construção de um país próspero, seguro e feliz. Estou perfeitamente consciente de que, para fazer surgir a chama desse propósito e mantê-la acesa, é necessário o concurso de lideranças políticas e executivas adequadas, honestas e eficientes. Mas elas certamente surgirão se cada um de nós já estiver com o espírito aberto para acolher e incorporar esse propósito, reconhecendo-o, sem qualquer titubeio ou hesitação, como sendo o único caminho para vencermos a batalha que se nos apresenta. Ao fazer isso, cada um de nós estará automaticamente reconhecendo também a inconveniência da desunião e da polarização ideológica que nos divide e desagrega, e que na ausência desse “propósito nacional”, o futuro pode ser sombrio, muito sombrio. Se conseguirmos abrigar em nós mesmos a chama daquilo que venho chamando de “propósito nacional”, passaremos a compartilhar algo em comum que nos faz mais semelhantes do nosso próximo e das instituições que nos representam, e descobriremos que a ação cooperativa de todos na busca de um futuro melhor ficará mais fácil de ser articulada. É por isso que usei neste texto o título provocador: você pode mudar o futuro. Pois então, trate de mudá-lo!

Olá, Eu sou o Rhuan!

Compartilhe este Post

Comentários

    Deixe o seu comentário